O
papel da família numa ação conjunta com a escola
Professor Ricardo Pereira
A participação da família no ambiente
escolar e na vida acadêmica dos filhos tem sido um dos grandes desafios para os
professores. A escola é um agente de letramento, mas não o único. A família
influencia e contribui com o processo de leitura e aprendizagem. Na culminância
do projeto Leitura e Escrita da Onélia Campelo, onde eu trabalho, por exemplo, notamos
a ausência de muitos pais no acompanhamento dos filhos e na vida da escola. Os familiares
dos alunos não participaram da culminância do projeto, percebendo-se a
necessidade de uma parceria mais efetiva entre família e escola.
Por outro lado, quando o rendimento do
aluno não é satisfatório ou o comportamento não é adequado, a coordenação
escolar convoca os pais para uma conversa. Contudo, essa mesma escola, não
chama os responsáveis para elogiar os alunos que conseguiram bom desempenho
educacional.
Lya Luft, uma das mais consagradas
escritora da atualidade, em seu texto O
sentido da educação, afirma que “educar não é apenas instruir, ensinar a
ler, escrever, calcular. Educar é, deveria ser, antes de mais nada, ensinar a
pensar. Ensinar a questionar. Abrir cabeças e preparar para enfrentar a vida
(...)". A escritora ainda acrescenta que "é a favor de uma escola amorosa e alegre, mas onde haja
autoridade e hierarquia, e também para os pequenos a professora não seja uma
tia, mas uma professora, pois a escola não é, nem deve ser, a família. Pode ser
um complemento magnífico, mas jamais retirar da família a responsabilidade
inicial da docência, da compostura e do respeito (...)”.
Muitas
vezes, os pais cobram dos professores e da escola resultados que só podem ser
conseguidos com a atuação conjunta de pais, mestres e alunos. O modelo de família tradicional mudou. O que se
vê hoje é a mãe que tem que assumir o papel de pai e mãe, crianças
que vivem com os avós, tios ou até mesmo pai assumindo papel de mãe e pai
ao mesmo tempo. Há também a união de duas mulheres ou dois homens
educando os filhos.
Nessas condições, a ausência do pai ou
da mãe pode ocasionar a desestruturação familiar, formando crianças sem
limites, pais jogando a inteira responsabilidade de educação para a
escola. Isso dificulta a atuação dos educadores enquanto sujeitos capazes de
formar leitores comprometidos com a leitura, pois, na maioria das vezes, o
professor entrar numa classe apática, desinteressada e indisciplinada. Outras
vezes, contestadora, dispersa, ou mesmo hiperativa, desatenta. Nessas
condições, então, o professor precisa ensinar bem a matéria e motivar os alunos
para o aprendizado. E aí fica a pergunta: será que ele consegue?